26 de março de 2007

Não Vos Conformeis com este Século – 1ª parte


Foto: pintura de Magritte
Por: Carlos Galvão

Romanos 12:2 – “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

O texto que vou escrever se divide em 3 partes e refere-se ao pensamento vigente, ou seja, a modinha de pensamento de nossos dias que nos oprime e nos puxa para longe da Sabedoria de Deus. Neste primeiro texto, abordarei o desconstrutivismo (ou pós-modernismo, ou multiculturalismo – são a mesma coisa); no segundo, o politicamente correto e no terceiro, o Marxismo. Como o tema é meio pesado, e para facilitar a vida de vocês, resolvi escrevê-lo usando uma bela e multicolorida gravata-borboleta, espero que ajude.

Tudo começou com o suíço Ferdinand de Saussure e sua nova concepção da Lingüística. De acordo com Saussure, para haver um estudo lingüístico sério, é preciso separar a língua da fala. Ou seja, a língua, objeto de estudo, não poderá ter referência na exterioridade, no mundo. E o significado de uma palavra é sua negação, sua diferença. Por exemplo, quando eu falo de uma cadeira não me refiro a um objeto no mundo, mas a um signo que significa a não-mesa, não-porta, a não-lâmpada, etc, etc.

O desconstrucionismo pega carona na teoria de Saussure, como nos mostra o professor-filósofo Olavo de Carvalho:

“O sacerdote supremo do desconstrucionismo, Jacques Derrida, joga essa premissa (de Saussure) contra as pretensões científicas da própria lingüística, ao concluir daí que, se a língua é um sistema de diferenças entre signos, ela não tem qualquer referência a um "significado" externo. Tudo o que o ser humano diz, escreve ou pensa é apenas a exploração das possibilidades internas do sistema. Não tem nada a ver com "realidade", "fatos" etc. O universo inteiro ao alcance do pensamento humano é constituído de "textos" ou "discursos", mas, como não há nenhuma realidade externa pela qual esses discursos possam ser aferidos, não tem sentido falar de discursos "verdadeiros" ou "falsos". Não existe representação da realidade. Todo discurso é livre invenção de significados”.
(O sucesso do fracasso, Olavo de Carvalho - Diário do Comércio, 27 de novembro)

Desta forma, não podemos falar de verdades absolutas e, principalmente, não há donos da verdade. Bom, né? Nenhum argumento é melhor que outro, pois cada um tem sua verdade, seu ponto de vista e temos que respeitar a individualidade das pessoas, etc, etc. Aqui volto a insistir para termos cuidado com o que é bonzinho (este aparente bem intencionado monstro do pântano). Percebam, esta perspectiva é maliciosa, caótica e - por que não dizer - imbecil.

Nossa época é marcada pelo desconstrucionismo (ou Pós-Modernismo, ou Multiculturalismo). Prestem atenção no discurso dos intelectuais, professores, universitários, jornalistas, artistas, etc, etc. Primeiro, apropria-se de um discurso, esvazia seu sentido natural e usa-o com o sentido que se deseja. Naturalmente, isso gera contradições evidentes, mas como as pessoas não prestam atenção nas sutilezas do significado, acabam aceitando todo tipo de bobagem.

Recentemente assisti a uma entrevista de um escritor mulçumano adepto do multiculturalismo, ele reclamava das críticas conservadoras de alguns intelectuais de direita ao crescimento do Islamismo na Inglaterra. Primeiro, ele não mencionou em momento algum os países islâmicos que são proibidos de pregar o Evangelho, ele não falou que na Inglaterra - apesar de ser um país cristão - é permitido pregar livremente o Islã e, o mais engraçado e patético, ele se colocou no papel de vítima como se os conservadores de direita que estão criticando o avanço do Islamismo não tivessem o direito de fazê-lo. Mas como? Se os conservadores começaram a resistir é por que há liberdade para o Islamismo existir, crescer e se constituir com uma voz válida. Permitam-me perguntar: “Por que esse escritor mulçumano quer tirar a liberdade dos conservadores de terem também uma voz (de resistência que seja)?” É coerente isso? Que absurdo! Se alguém levanta a voz para defender a cultura do próprio país ele é um calhorda sem coração? Pois é, as pessoas que escutam o escritor mulçumano morrem de dó, falando que os malvados conservadores não respeitam a cultura do pobre, são fascistas, reacionários, etc, etc. Mas, perceba, é o contrário.

Fiquem atentos às contradições. No post anterior, falei do ataque ao cristianismo através de leis que nos proíbem de declarar que o homossexualismo é uma pratica errada. Percebam, os cristãos foram atacados, fomos proibidos de expressarmos nossos pensamentos, nossa fé, agora adivinha quem é o vilão da história! Somos nós cristãos! Somos legalistas, hipócritas, quadrados, fascistas, etc, etc. Hoje o marginal tem direito de roubar e matar, pois a sociedade é injusta, não lhes deu educação (Como uma pessoa pode ser referir a uma sociedade que ele mesmo nega infringindo suas leis?). Os filhos têm direito de destratarem os pais, pois “os velhos” não sabem o que é ser jovem (imbecil ao extremo, né?). Quase toda semana um esquerdista exige com lágrimas nos olhos que os maldosos militares paguem os crimes da ditadura! Você já viu algum país comunista sem ser ditatorial? Vocês já ouviram alguma pessoa de esquerda acusarem as atrocidades de Cuba, da China, da URSS? Eles até babam para falar do ótimo sistema educacional de Cuba, mas nunca mencionam que os cubanos são proibidos de terem bóias e pés-de-pato para não fugirem nadando! (Eu imagino como um país assim deve ser bom!) Legal mesmo é falar mal dos EUA, um país que as pessoas arriscam a vida para entrar. Percebam, o desconstrucionismo não é capaz de negar a realidade de fato. Basta olhar para o mundo, para os acontecimentos, e ver a estupidez do discurso dessas pessoas. Desconstrucionismo é o contraditório, o imbecil. E as pessoas, como se estivessem hipnotizadas, não percebem isso e repetem de maneira burrinha os mesmos pensamentos falhos.

Os ataques ao Cristianismo pelos descontrucionistas são enormes. A Bíblia passa a ser considerada só um monte de historinhas, fábulas, sem um sentido próprio, sem coerência, sem autoridade, fora de sua época. Religião? Bom, cada um tem a sua, né? Igreja? Para que ir à igreja? Para escutar um pregador prepotente que acha que possui a interpretação correta das Escrituras só por que a estudou e pede a Deus que o ilumine? Cada um pode interpretar da maneira que quiser, não é mesmo? Por isso há tantas igrejas (sobretudo evangélicas) diferentes, com doutrinas contraditórias que possuem a Bíblia como base e - não se assustem - todas são válidas! Que besteira!

Declarar que a Bíblia é a Palavra de Deus, que é nossa única regra de fé e prática é importantíssimo. Devemos estudá-la com seriedade e fazer as ancoragens de nossos discursos sempre nela (não pode haver deslocamentos). Além de pedir sabedoria a Deus sempre, para nós e para o resto da população, pois o caos do nosso país não é por acaso e não afeta somente a nós Cristãos.

Referências - mais textos do Olavo de Carvalho:

Aqui o texto citado: O Sucesso do Fracasso

Aqui e aqui, outros textos interessantes.

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