29 de março de 2007

Não Vos Conformeis com este Século – 2ª parte

Imagem: pintura de Magritte
Por: Carlos Galvão

Romanos 12:2 – “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.


Quando afirmo que a bondade humana é um monstrengo do pântano que se esforça para agradar, sinto por vibrações telepáticas que isso confunde ou desagrada a alguns. Posso até escutar a vozinha esganiçada da senhora Woodwardson dizendo “Como assim!?” com um misto de horror e espanto, sinto suas palavras cortarem ar na medida que sua peruca dá um pulo da cabeça e seu pince-nez cai entre os seios.

Calma, calma, meus caros, explicarei. Mas antes de prosseguirmos, gostaria de insistir amavelmente que estou fazendo uma distinção entre bondade humana e Bondade de Deus. Para algumas pessoas, pecado é o contrário de bondade ou virtude, porém este é um conceito platônico. Aqui nos filiaremos ao conceito de Kierkegaard, o oposto de pecado é a fé. Vamos entender o por quê disso - se o oposto de pecado é a bondade, nós podemos deixar de ser pecadores sendo bons. O que acreditamos ser impossível, haja vista que até nossos pensamentos mais profundos são repletos de inveja, avareza, contenda, cobiça, maledicência, injustiça, vaidade, etc, etc. Desta forma, nessa perspectiva não haveria redenção para o ser humano.

Leiam Salmos 14:3 – “Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer”. E Paulo corrobora em Romanos 3:10-12 - “Como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer”.

Mas, se entendemos que o oposto de pecado é a fé, nós deixaremos de ser pecadores se confiarmos que o próprio Deus nos redima, ou seja, não depende da gente. E o cerne do Cristianismo é justamente este: Que Jesus Cristo, Filho unigênito do Deus vivo, morreu na cruz para pagar nossos pecados. É justamente aí que está a diferença entre bondade e Bondade, não podemos de maneira alguma nos deslocar da Bondade de Deus que está na sua Palavra, nos seus Mandamentos, e confiarmos na nossa bondade humana. Nossa ancoragem deve ser sempre nas Leis do Senhor.

Sobre os Mandamentos, podemos ler em Deuteronômio 4:6 – “Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente”.

Então temos que ser legalistas? Bom, o que é ser legalista? Se for seguir a Lei de Deus, respondo que sim. Porém, se significa sermos hipócritas, afirmo que não. Como disse, se há pecado até nos nossos mais profundos pensamentos, como seremos perfeitos? Se não somos perfeitos, por que exigir perfeição dos outros? Temos que buscar nossa própria perfeição e perdoar as falhas dos outros, pois Deus nos perdoa.

No post anterior, fiquei de falar sobre o politicamente correto, mas até agora nada. Sim, sim vamos chegar lá. Antes, meus caros, gostaria de lembrá-los que todo meu esforço até agora foi derrubar a bondade humana. “Ora bolas, por que será?”, pergunta o conde Oblowitz com um arzinho blasé e continua “Por que não deixar que cada um seja bom como queira? Que mal há nisso?” Respondo com um tapão na nuca do conde: “Porque as maiores atrocidades da história foram feitas em nome dessa bondade”. No começo do Nazismo, por exemplo, os discursos eram lindos, em favor do povo, da cultura, contra a pobreza e a opressão. No Comunismo, acontece a mesma coisa. E por aí vai, milhares e milhares são mortos, torturados e perseguidos em nome dessa bondade. Poderíamos citar vários casos, acredite não há limites para a maldade do homem quando ele acredita que está sendo bom, que sua ação é bondosa.

Agora, finalmente, entra o politicamente correto. Mas, espere um pouco, por favor, antes acredito ser importante recordar alguns movimentos filosóficos cujo objetivo foi acabar com o Teocentrismo e instaurar o Antropocentrismo, ou o Humanismo, etc. Primeiro, o Iluminismo que através da razão o homem chega ao entendimento pleno de todas as coisas. O Evolucionismo que faz do homem um ser em constante aprimoramento em direção à perfeição. E, talvez, o ponto máximo da autocentralização do homem, o Niilismo nietzschiano no qual o homem, através da sua vontade de poder, constrói seu destino e é o único responsável por ele. Poderíamos falar de outras correntes filosóficas que influenciam o pensamento em nossos dias, porém estas três já nos dão uma idéia do culto que o homem faz de si mesmo. Agora sim, vamos ao politicamente correto conscientes que este se forma a partir dessas e outras correntes filosóficas. Percebam, o politicamente correto não passa de uma forma bonita e simpática de sermos bons por nós mesmos, sem nos filiarmos às Leis de Deus. Isso é desastroso e já começou a entrar sutilmente nas igrejas, fazendo com que abandonemos a Palavra de Deus (muitas vezes sob a acusação de sermos legalistas).

Reparem como estes discursos penetram nas igrejas, primeiro se revestem de sofismas desconstrucionistas (você se lembra do texto anterior, não é?). Você se recorda que uma característica peculiar ao desconstrucionismo (ou pós-modernismo, ou multiculturalismo) é esvaziar e distorcer os sentidos das palavras a fim de as moldarem em favor de seus discursos? Assim, a verdade não está nos fatos, na realidade, mas no poder das palavras e do discurso. Por exemplo, se uma pessoa é fiel às Leis de Deus, logo é acusada de ser legalista no sentido de ser hipócrita. Mas quanta diferença, que engodo! A gente não pode tratar uma pessoa que segue a Lei de Deus dessa forma; hipócrita é justamente o contrário, aquele que não procede conforme os Mandamentos de Deus. Jesus não disse que devemos amar ao próximo como a nós mesmo? Então uma pessoa que vive de acordo com os Mandamentos de Deus não deve ser hipócrita (se é, é por que não pratica a Palavra de Deus).

Temos que ficar atentos com os temas que se revestem de bondade e compreensão – distorcidos pelo pós-modernismo - como o feminismo, o homossexualismo, o aborto, a violência, a ecologia, etc, etc. Eles estão entrando nas igrejas, descentralizando a Palavra de Deus e colocando a bondade humana como centro. E se você fala que está errado, é logo chamado de legalista ou coisa pior. Lembre-se: não há maldade maior que de uma pessoa que acredita na própria bondade.

Temos que ler, estudar e meditar na Palavra de Deus e pedirmos, através de oração, sabedoria ao Senhor. Somente assim, com Espírito Santo nos capacitando, teremos maturidade para perceber e refutar esses discursos aparentemente bondosos.


Leiam aqui o exemplo de um discurso fajuto, imbecil.
Vocês têm alguma dúvida que foi escrito por algum esquerdista que pensa que tudo é parte de uma luta de classes? O povo não pode crer em Deus; aliás, quem inventou Deus foram os maldosos aristocratas para ludibriarem o povo e o dominarem.

Leiam este texto aqui para entenderem um pouco mais como se dá as distorções de perspectivas nos discursos desconstrucionistas (tudo em nome de uma falsa bondade).
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