22 de maio de 2008

A Doutrina Apostólica e a Filosofia Humana

Imagem: autor desconhecido
Por: Carlos Galvão

A igreja cristã tem sua origem logo depois da ascensão de Cristo, quando os apóstolos começaram a se congregarem no intuito de ensinar e proclamar a Palavra de Deus que nada mais é que o próprio Jesus Cristo como nos é mostrada em João 1:1: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus"; e em
Mateus 16:15-18: “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

Nos primeiros séculos de formação, a igreja cristã lutou contra vários obstáculos, houve perseguições políticas, religiosas e culturais. Até se estabelecer no governo do imperador Constantino, a religião cristã era considerada apenas uma seita judaica herege. Dentre todos os percalços acima mencionados, a que causou maior dano foi, sem dúvida, a perseguição cultural, entendida aqui como falsos ensinamentos. Até hoje, a igreja possui chagas profundas desses danos e luta incansavelmente para não deixar se abater por este terrível inimigo. A origem deste embate se dá na própria expansão e desenvolvimento do cristianismo por regiões de cultura pagã. Desde então, os falsos ensinamentos foram e têm sido abundantes na tentativa de dissolução do verdadeiro ensino cristão-apostólico.

Mas, se a doutrina apostólica sofre amplos e profundos ataques de ensinamentos seculares, é preciso reconhecer também que foram através destes inúmeros confrontos que a igreja primitiva cristalizou seus posicionamentos e se fortaleceu. Pois, para combater as mais diversas heresias, foi preciso estudar, refletir e formar posicionamentos. Daí a importância dos concílios ecumênicos da igreja antiga: o Concílio de Nicéia (325 d. C.), Constantinopla (381 d. C.), Éfeso (431 d. C.), Calcedônia (451 d. C.).

Em nossos dias, ainda permanece um profundo mal estar frente às mais diversas filosofias e ensinamentos seculares. Naturalmente que essa ojeriza tem aspectos saudáveis no sentido de querer preservar a verdadeira doutrina apostólica. Porém pode surgir um grave problema se tentarmos descartar o raciocínio humano e espiritualizar todas as questões doutrinárias. Ora, se somos humanos, torna-se impossível não ter um raciocínio humano. Além do mais, não há como escapar de pertencer a uma época. Desta forma, o estudo dos ensinamentos seculares se faz necessários, sobretudo, para se conhecer os pensamentos vigentes. Assim, uma igreja dotada de líderes capacitados em identificar os diversos cacoetes intelectuais que estão em voga possui uma boa ferramenta para combater diversas heresias a fim de preservar o verdadeiro cristianismo.

Naturalmente não descartamos aqui as questões espirituais do cristianismo. Sabemos que é o próprio Cristo quem preserva sua igreja através da ação de Seu Santo Espírito, acreditamos também que a fé é um dom de Deus, assim como a sabedoria para entender as Escrituras. Queremos apenas chamar a atenção para o simples fato de que raciocinar é uma simples característica humana, assim como ver, andar, ter sentimentos, etc. Além do mais, assim como os patriarcas, também precisamos nos posicionar de acordo com as questões de nossa época, afinal de contas, a história se faz em nossos dias também.
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