7 de dezembro de 2007

Por Favor, Jeeves!



Foto: eu chegando a uma festa - tiranda por Eddie O'Bryan - (Jeeves foi encostar o carro)

Por: Carlos Galvão

Há certas pessoas que nos fascinam, sim, não podemos negar. Gostamos de conversar com elas, ou pelo menos estar perto delas. É como se elas despertassem algo de bom dentro de nós.

Agora me permitam dizer o que penso do céu. Assim que vejo: uma belíssima festa onde todas as pessoas são como as que descrevi logo acima, extremamente encantadoras. E o mais importante é que não importa se a pessoa é charmosa como uma toupeira, entrando no céu, automaticamente, ela ficará, como afirmei, encantadora.

Digo isso, pois já me deparei com pessoas aparentemente cristãs que se enfurecem com o fato de haverem certas pessoas que se convertem no finzinho da vida, ou seja, não tomaram a sua cruz.

Mateus 10:38
“(...) e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim”.

É por elas ficarem meio chateadas que gosto tanto desta parábola que Jesus contou aos seus discípulos e que agora reproduzo aqui (ah, poucas coisas nesta vida é mais divertido que deixar esse tipo de pessoas um pouquinho enfurecidas).

Mateus 20:1-16
“Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, tendo ajustado com os trabalhadores a um denário por dia, mandou-os para a vinha. Saindo pela terceira hora, viu, na praça, outros que estavam desocupados e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e vos darei o que for justo. Eles foram. Tendo saído outra vez, perto da hora sexta e da nona, procedeu da mesma forma, e, saindo por volta da hora undécima, encontrou outros que estavam desocupados e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou. Então, lhes disse ele: Ide também vós para a vinha. Ao cair da tarde, disse o senhor da vinha ao seu administrador: Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos, indo até aos primeiros. Vindo os da hora undécima, recebeu cada um deles um denário. Ao chegarem os primeiros, pensaram que receberiam mais; porém também estes receberam um denário cada um. Mas, tendo-o recebido, murmuravam contra o dono da casa, dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora; contudo, os igualaste a nós, que suportamos a fadiga e o calor do dia. Mas o proprietário, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te; pois quero dar a este último tanto quanto a ti. Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos [porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos].”

Pouco antes de Jesus contar esta parábola aos seus discípulos, houve uma discussão a respeito de quem seria o maior no reino dos céus (ah, como nós, seres humanos, somos esnobes!).

Mateus 18:1-3
“Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles. E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”.

Mais para frente, Jesus diz ainda:

Mateus 19:28-30
“Jesus lhes respondeu: Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe [ou mulher], ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna. Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros”.

Acho muito interessante essa colocação: “Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros”.

Parece injustiça de Deus, mas temos que prestar atenção numa passagem crucial da parábola quando o senhor diz: “Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom?”.

Primeiro: Deus é bom, você, meu caro, e eu também, não somos.

Romanos 3:10-12
“(...) como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer”.

Segundo: Não somos capazes de nos justificarmos pelas obras.

Romanos 3:19-20
“Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”.

Terceiro: assim como uma pessoa que recebe a salvação no último minuto, também a recebemos – de graça.

Romanos 3:21-23
“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, (...)”.

Porém, meu caro leitor, antes que eu me despeça, por favor, deixe-me dar um amigável tapinha na sua nuca de pedra e dizer que, apesar disso tudo, é preciso que você faça boas obras. Não para se salvar, pois para isso basta acreditar que Jesus é o Filho de Deus que tira o pecado do mundo. É tão somente para glorificar a Deus.

Mateus 5:16
“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”.

Bom, essas pessoas que se irritam por haver outras que se salvam no último minuto, pois acreditam que levaram uma vidinha miserável por serem cristãs, isto é, tomaram uma cruz grande demais para seus egos inflados, acredito que elas terão muito tempo para se reconciliarem com todos nós nas intermináveis festas no céu, enquanto servem as nossas bebidas. Sim, elas serão os garçons no céu.

— Por favor, Jeeves, um pouco mais!
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