26 de maio de 2007

Eu sigo em frente ou um dia na vida de um desempregado.


Foto: Wade Laube
Por: Carlos Galvão

Meu nome é Carlos – o Andarilho, tenho tantos e tantos anos e uma espécie de fome. Deus é bom, repito continuamente. Mas não resisto em olhar para meu reflexo numa vitrine e perguntar: “Me diga, Carlinhos, onde encontro uma daquelas vidas perfeitas? Família, casa, móveis, carros, jardim?”.

Não respondo, prefiro guardar segredo até para mim mesmo. Sigo em frente. Abro o mapa apenas para, de tempos em tempos, me perder um pouco mais. E sorrio, pois não me importo, Deus está comigo.

“Mas o que eu posso fazer?”, uma nova vitrine, uma nova tentativa de saber. Tão somente me preparando antes de entrar em mais uma dessas grandes construções cuidadosamente limpas e frias. Entro e deparo-me com uma dessas mulheres de sempre, ela sorri uma outra espécie de sorriso e explica delicadamente: “Infelizmente, no mundo ainda não há espaço para você. Mas, não se preocupe, assim que houver vaga, nós retornaremos”.

E eu sigo em frente, como deve ser. Mas a minha calma não é uma nuvenzinha fofa pairando leve leve no ar, pelo contrário, dentro de mim alguma coisa grita; sim, tenho dentro de mim, não nego, um coração que mais parece uma daquelas almofadinhas de costura onde se guardam alfinetes. Ah, preciso aprender a lidar com essa minha falta de jeito. Sim, eu, Carlos – o Equilibrista.

Paro em frente a um parquinho e vejo algumas crianças brincando sem preocupação nenhuma. Sorrio triste e digo: “Também já fui assim”, mesmo que ninguém acredite que por trás destas minhas olheiras terríveis eu também já fui assim. Nisto, sinto uma mão pousar suavemente num dos meus ombros de pedra. É o meu Deus comigo. Pergunto: “Senhor, tu acreditas?”, e Ele sorri o sorriso que alivia meu coração.

E me envergonho do sorriso bom do meu Deus, pois tantas vezes fui fraco, mesquinho, covarde, arrogante, maldoso, ridículo. E apesar de tudo, Deus está comigo e sorri para mim.

Eu sei, dentro de mim eu sei. Jesus é o meu Senhor e isso muda tudo.

E eu sigo em frente, como deve ser e sorrio, pois Deus está comigo. “Quem sabe, Carlinhos, Deus se agrade de você e lhe dê cabelos brancos? Ah, algum dia, algum dia!” Digo para mim mesmo, eu, Carlos – o Esperançoso.

Sei que se eu cair, estiver fraco ou todas as luzes se apagarem, se me abandonarem ou, até mesmo, se demônios dançarem em volta de mim, sei que tenho meu Deus. Ele é bom e cuida de mim.

Meu nome é Carlos – o Confiante.

Aprenda, fé é a coisa que nos arrasta através da tempestade.

Mateus 6:30 “Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?”
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